segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Duas Mulheres



Na Roma de 1943, quando começa o bombardeio por parte dos Aliados, Cesira, uma jovem viúva e sua filha, deixam sua pequena loja em busca de um lugar mais seguro no distante vilarejo onde nasceu. A difícil viagem é feita a pé e dura dois dias. Um tempo depois, tropas americanas se dirigem à Roma em tanques e muitas armas e Cesira pensa que as coisas melhoraram, decidindo voltar. Outra caminhada difícil e a pé. Em certo momento, numa sequência pesada, elas se abrigam à noite nas ruínas de uma igreja e são atacadas por vários soldados marroquinos que as estupram. Continuam como podem sua volta, quando sabem da notícia de que Michele, apaixonado de Cesira, foi morto pelos alemães; Cesira fica desolada. O filme Duas Mulheres (La Ciociara, 1960) pertence ao período neo-realista do cinema italiano, foi baseado no livro de Alberto Moraiva e tem direção do Vittorio De Sica. Trata dos infortúnios da guerra na vida dos civis. Sophia Loren, uma das mulheres mais linda do seu tempo e ainda hoje bela, tem um desempenho formidável premiado com o Oscar (a primeira atriz de língua não inglesa a ganhar o prêmio) e o Globo de Ouro.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Quanto Mais Quente Melhor


A cena da famosa frase...

Sempre ouvi dizer que Quanto Mais Quente Melhor (Some Like it Hot, 1959) era a maior comédia do cinema. Vi o filme recentemente e discordo de que seja a maior comédia de todas (talvez a minha preferida seja outra, também com Marilyn), mas não nego que é uma das maiores. O filme marcou época e entrou para a história do cinema mais uma vez pelas qualidades do seu realizador que mais de uma vez já afirmei, foi um dos maiores e mais modernos de todos os tempos, modernidade não só de pela qualidade técnica, mas pelos temas e intenções, Billy Wilde. Em proposital preto e branco, começa com uma virtuosa cena de perseguição e segue sempre em crescente como deliciosa comédia. Tony Curtis, ainda galã, está ótimo e travestido de Josephine faz memoráveis cenas com Marilyn Monroe. Marilyn está mais diva do que nunca, ícone absoluto da sensualidade feminina nas telas, nunca a vi tão bela, tão irresistível com sua Sugar Kane, nome apropriadíssimo; a cena do primeiro show no hotel, com aquele vestido que lhe revela os incríveis seios, é hipnotizante. E o que falar de Jack Lemmon? Claro que são dele as cenas mais hilariantes como Daphne, como a da “festinha” no navio em que as moças começam um ataque de cócegas e ele começa a berrar por socorro. Sobre as cenas do navio, impressiona como Billy Wilde foi provocador e isso em 1959, época em que a censura ainda dominava os estúdios; as cenas em que aparecem cardumes de pernas femininas, lindas sereias coristas, são mais que um ousio, são um afago e um beliscão no público; Wilde filma a malícia disfarçando-a de inocência e, assim, consegue driblar censores atentos e encantar platéias atentas ou não. Voltando à personagem de Lemmon, ele rouba muitas cenas quando longe de Marilyn, como a cena em que dança tango ou o final do filme com as famosíssimas frases sua e do impagável Joe E. Brown como o milionário assanhado Osgood, apaixonado de Daphne. Fiquei com uma pulga atrás da orelha com a relação dos dois. Teria Wilde aprontado uma conosco?
O filme venceu o Oscar de melhor figurino, sendo indicado para direção, ator (Jack Lemmon), direção de arte, fotografia e roteiro adaptado. Ganhou os Globos de Ouro de filme de comédia ou musical, ator de comédia ou musical (Lemmon) e atriz para a querida Marilyn. 

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Tropas de Elite 1 e 2



Bem, confesso que nunca gostei de (Tropa de Elite, 2007) desde os primeiros minutos que “ouvi” umas falas do filme. Meu cunhado comprou o DVD pirata do filme e todos acharam que era um filme tipo meio ficção meio documentário, pois mostrava os “bastidores” do BOPE etc. Eu odiei o texto que vinha da sala (não gosto desse tipo de filme). Depois comecei a ver o filme por conta dos comentários e por causa das piadas, eu sou estudante universitário, então eu mesmo fiz várias piadas com aquela cena em que eles dão na cara do rapaz que diz que é estudante; eu dizia que aonde chegasse ia dizer que era estudante só pra apanhar, rsrsrs. Depois de um bom tempo o filme ficou famoso e entrou nos cinemas, sendo um grande sucesso, mas sempre o achei medíocre em qualidade e intenção, e critiquei esse endeusamento do BOPE, isso sim é ficção de primeira (tomara que o BOPE não leia este blog). Esse segundo filme (Tropa de Elite 2 - O Inimigo Agora é Outro, 2010), chega com grande preocupação com a pirataria que fez a fama do primeiro. Foi uma surpresa. O filme é bom, muito superior ao primeiro e não porque diminuiu na truculência, mas porque capricharam no roteiro. É um roteiro à guisa do cinema americano (não que isso seja sinal de qualidade), bem amarrado e com desfecho interessante. Uns fatos e teorias são bem bobos, como aquela conta que o professor de história faz no começo e o fim do tráfico; aquela conta é feita desde que o mundo é mundo e só pode ser observada na teoria, e o tráfico (vício) acabar é uma utopia, até na ficção soa no mínimo ingênuo. Gostei da câmera voando (travelling) sobre Brasília no final da película, indicando a fonte do MAL. Enfim, gostei do filme, tem ação discreta, bom roteiro, edição ágil, direção mediana e elenco esforçado. Sobre a violência, falei que era menos truculento, mas não menos violento. A violência não vem só de imagens de corpos levando tiros e sangue na tela, mas sim da força de um texto ou do contexto de uma imagem; a cena do bandido arrancando os dentes de um crânio para dificultar o reconhecimento, me pareceu, pela banalidade da ação, muito mais violenta que qualquer cena de tiroteio do primeiro filme; e a cena ainda brinca com o famoso trecho do Hamlet. O filme grita com os traficantes, com os políticos, com o sistema e bandidos em geral, os acusa francamente, e sabe qual é o grande absurdo de tudo? Os traficantes, políticos e bandidos em geral, vêem o filme, são fãs, e até torcem pelos mocinhos; ignoram que estão sendo retratados na tela, não acham que é com eles, talvez por não acharem que fazem algo errado na vida real ou então por um cinismo absoluto. Isso acontece muito com as músicas do grupo Racionais, os fãs do grupo, os que mais cantam as músicas, são justamente os acusados nas letras, eles não se dão conta disso, pelo contrário, acham que é um tipo de louvor a tudo que fazem. Há um humor sempre bem-vindo, aliviando a barra pesada, e este humor se manifesta principalmente no uso de palavrões e gírias: “pombagirando”, “quer me foder, me beija”, são exemplos. Quanto ao didatismo do filme, que acontece com a narração do Nascimento, esse é um filme para o povão, então eles usam o didatismo, aprendido no cinema americano, já visando ou imaginando o tipo de público que terão. O didatismo é usado com brilhantismo nos filmes do Tarantino, e se outros realizadores não conseguem alcançar o mesmo brilho, pelo menos houve uma fagulha de boa intenção. E ao título dizer que o inimigo agora é outro, não cabe a pergunta: E antes não era? Bem, acho que o filme deve ser visto, pois rende bons debates e isso é raro no cinema de hoje, mormente o nacional. Ah... ia esquecendo: a morte do Matias foi um deleite para mim.