domingo, 26 de fevereiro de 2012

Oscar 2012: meus palpites


Estes são meus palpites dos vencedores do Oscar 2012. Não são exatamente meus escolhidos, mas os que acho que a Academia escolherá.


Melhor filme
"Cavalo de guerra"
"O artista"
"O homem que mudou o jogo"
"Os descendentes" (trailer ao lado)
"A árvore da vida"
"Meia-noite em Paris"
"História cruzadas"
"A invenção de Hugo Cabret"
"Tão forte e tão perto"  

Diretor
Michel Hazanavicius - "O artista"
Alexander Payne - "Os descendentes"
Martin Scorsese - "A invenção de Hugo Cabret"
Woody Allen - "Meia-noite em Paris"
Terrence Malick - "A árvore da vida"

Melhor ator
Demián Bichir - "A better life"
George Clooney - "Os descendentes"
Jean Dujardin - "O artista"
Gary Oldman - "O espião que sabia demais"
Brad Pitt - "O homem que mudou o jogo"

Melhor atriz
Glenn Close - "Albert Nobbs"
Viola Davis - "Histórias cruzadas"
Rooney Mara - "Os homens que não amavam as mulheres"
Meryl Streep - "A dama de ferro"
Michelle Williams -"Sete dias com Marilyn

Ator coadjuvante
Kenneth Branagh - "Sete dias com Marilyn" (trailer ao lado)
Jonah Hill - "O homem que mudou o jogo"
Nick Nolte - "Warrior"
Max Von Sydow - "Tão forte e tão perto"
Christopher Plummer - "Beginners"

Melhor atriz coadjuvante
Octavia Spencer - "Histórias cruzadas"
Bérénice Bejo - "O artista"
Jessica Chastain - "Histórias cruzadas"
Janet McTeer - "Albert Nobbs"
Melissa McCarthy - "Missão madrinha de casamento" 

Melhor roteiro original
"O artista"
"Missão madrinha de casamento"
"Margin Call"
"Meia-noite em Paris"
"A separação"

Roteiro adaptado
"Os descendentes"
"A invenção de Hugo Cabret"
"Tudo pelo poder"
"O homem que mudou o jogo"
"O espião que sabia demais"

Melhor animação
"A Cat in Paris"
"Chico & Rita"
"Kung Fu Panda 2"
"Gato de Botas"
"Rango"

Fotografia
"O artista"
"Os homens que não amavam as mulheres"
"A invenção de Hugo Cabret"
"A árvore da vida"
"Cavalo de guerra"

Trilha sonora original
"As aventura de Tintim" - John Williams
"O Artista" - Ludovic Bource
"A invenção de Hugo Cabret" - Howard Shore
"O espião que sabia demais" - Alberto Iglesias
"Cavalo de guerra" - John Williams

Canção original
"Man or Muppet", de "Os Muppets", música e letra de Bret McKenzie
"Real in Rio", de "Rio", música de Sergio Mendes e Carlinhos Brown, letra de Siedah Garrett

Maquiagem
"Albert Nobbs"
"Harry Potter"
"A dama de ferro"

Direção de arte

"O artista"
"Harry Potter"
"A invenção de Hugo Cabret"
"Meia-noite em Paris
"Cavalo de guerra"

 Figurino
"Anonymous"
"O artista"
"A invenção de Hugo Cabret"
"Jane Eyre"
"W.E."

Documentário (longa-metragem)
"Hell and Back Again"
"If a Tree Falls: A Story of the Earth Liberation Front"
"Paradise Lost 3: Purgatory"
"Pina"
"Undefeated"

Documentário (curta-metragem)
"The Barber of Birmingham: Foot Soldier of the Civil Rights Movement"
"God Is the Bigger Elvis"
"Incident in New Baghdad"
"Saving Face"
"The Tsunami and the Cherry Blossom"

Edição
"O artista"
"Os descendentes"
"Os homens que não amavam as mulheres"
"A invenção de Hugo Cabret"
"O homem que mudou o jogo"

Melhor filme em língua estrangeira
"Bullhead" - Bélgica
"Footnote" - Israel
"In Darkness" - Polônia
"Monsieur Lazhar" - Canadá
"Separação" - Irã 

Curta-metragem de animação
"Dimanche"
"The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore" 
"La Luna" 
"A Morning Stroll" 
"Wild Life" 

Curta-metragem
"Pentecost" 
"Raju" 
"The Shore" 
"Time Freak" 
"Tuba Atlantic" 

Edição de som
"Drive" 
"Os homens que não amavam as mulheres"
"A invenção de Hugo Cabret"
"Transformers: o lado oculto da lua"
"Cavalo de guerra"

Mixagem de som
"Os homens que não amavam as mulheres"
"A invenção de Hugo Cabret"
"O homem que mudou o jogo"
"Transformers: o lado oculto da lua" 
"Cavalo de guerra"

Efeitos visuais
"Harry Potter"
"A invenção de Hugo Cabret"
"Gigantes de aço"
"Planeta do macacos"
"Transformers: o lado oculto da lua"

sábado, 25 de fevereiro de 2012

L’Apollonide

A inspeção médica

A inspeção médica segundo Toulouse-Lautrec 

Toulouse-Lautrec 

Toulouse-Lautrec 

Toulouse-Lautrec 


Judith I, de Gustav Klimt









L’Apollonide – Os Amores da Casa de Tolerância (L’Apollonide – Souvenirs de la Maison Close; França, 2011).

O título original do filme diz “Memórias do Bordel”; se nos apegarmos à palavra ‘souvenirs’ isoladamente, chegaremos a um sentido mais fiel do significado da vida das mulheres retratadas no filme. O Romantismo do título traduzido e do clima de todo o filme, ajudado pela fotografia, são bem-vindos, ainda que não combine muito com aquela realidade e com nenhuma outra realidade quando o assunto é prostituição; Realismo, movimento que já imperava àquela altura (fim do século XIX), combina mais com a situação. Me desculpem essa minha mania de semântica, mas amo a riqueza das palavras e elas não nomeiam as coisas em vão ou sem cuidado; atentem para a palavra ‘tolerância’ no sentido usado pelo título brasileiro e vejam quão longe podemos ir.

O filme, que disputou a Palma de Ouro em Cannes, é um painel de tipos femininos, alguns idealizados, outros inspirados abertamente na obra de Toulouse-Lautrec e na Art Nouveau. Pessoalmente encontrei mais semelhança nas telas de Gustav Klimt, onde as mulheres são um tipo sensual de anjo ou pitonisa. O próprio nome de algumas lhes diz suas características; há, por exemplo, a Boneca, Caca e a Mulher que Ri. A boneca tem esse nome por imitar uma linda boneca a qual menininha nenhuma jamais brincará com ela, em vez disso, brincarão homens lascivos e aborrecidos, que não tem mais o que fazer ou inventar para passar seu tempo; em um momento, enquanto é possuída, a jovem, tão acostumada com a situação, mostra cansaço e se entrega de vez ao personagem, ficando por um tempo sem vida, alheia a tudo até que um escape lhe aparece, um inseto que passeia pelo espelho da cama, ela fixa nele o olhar e parece mergulhar no mundo da pequena criatura. A Mulher que Ri tinha outro nome, Madeleine (uma Madalena), até o momento de viver sua tragédia particular, ser desfigurada como um coringa, não por um amante bruto e estranho, mas por um que era belo, meigo e tinha sua confiança, o que tornou tudo mais doloroso. A personagem da Mulher que Ri é o mais explorado e o mais trágico, seja pela profunda tristeza, pela violência e pela perversa ironia de rir de tudo quando por dentro é choro; A Mulher que Ri abre e termina o filme como uma síntese do que uma mulher da vida se torna, um ser sonhador, mas sem esperança, uma poesia, mas grotesca, e um ser humano, porém muito mais objeto; talvez algum tipo de ornada ânfora, onde homens despejam suas impurezas até um ponto em que o vaso transborda por todos os lados. Alguns momentos do filme são fracos e um pouco arrastados, repetindo suas voltas, já sem ter mais o que dizer, e a trilha sonora usada sem muita habilidade; mas palmas ao diretor por ter mantido nas personagens duas coisas importantes, primeiro, o sonhar com uma situação melhor, mesmo que esse sonho seja exatamente o que a palavra diz, sonho; segundo, o espírito conformado que elas tem, elas são putas e sabem o que isso significa. Mas ser puta não significa que sejam menos humanas que outras mulheres, então ficam profundamente abaladas quando leem um artigo ‘científico’ que não apenas compara seus cérebros e tamanho da cabeça com os de bandidos, mas que as rebaixa a criaturas desprovidas de intelecto, idiotas até. Outra situação bem trabalhada é a visita do médico (conforme tela de Lautrec); elas não apenas temem o diagnóstico, visto que vivem à mercê de todo tipo de doenças ou de gravidez, mas elas também mostram grande desconforto em ter seus sexos explorados por um homem que não seja um cliente, mostrando que elas tem sim pudor; escancaram-se para os clientes, mas eles são parte do ‘comércio’.

Em um momento, elas saem do bordel, vão banhar-se em um rio e agora são apenas crianças felizes, ninfas travessas, prisioneiras que tiveram direito ao banho de sol. No fim do filme, atrás da Madame, uma sazonada rosa perde sua pétala, numa metáfora perfeita do chegar da decadência. Ainda no fim, a cena muda e vemos o bordel olvidado já nos dias atuais, como se aquelas vivencias todas fossem apenas lendas passadas. Se terminasse aí já estaria de bom tamanho, mas então surgem as mesmas atrizes vestidas como as prostituas modernas, em seu ponto na estrada, acenando para um carro, dando continuidade ao métier; sentindo por dentro aquela dor de existir, lembrança atávica da mais antiga (dizem) das profissões.


O diretor Bertrand Bonello é um nome que promete, pois tem já no currículo os interessantíssimos O Pornógrafo e Tirésias. Ele usa elementos literários em seus filmes, vide o mito do adivinho mor, Tirésias, e nesse L’Apollonide se inspira em Vitor Hugo para compor a personagem mais interessante, A Mulher que Ri. Vitor Hugo tem uma novela de 1869, chamada O Homem que Ri (já adaptada para o cinema em 1928); fala de um herdeiro de ducado que, sequestrado a mando de um rei, tem depois o rosto desfigurado num terrível sorriso; acaba como famosa atração de circo (a mulher do filme também se prestou a isso, só que em outro ambiente); uma frase da novela que cabe no filme é "Já não tenho inimigos quando eles são infelizes”. 

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Elementar...


No primeiro Sherlock Holmes o diretor Guy Ritchie nos deu um filme divertido, dinâmico, que surpreendeu por trazer um Holmes moderno, cínico. O visual fantástico completava o bom filme. Nessa segunda aventura da dupla, Sherlock Holmes: O Jogo de Sombras (Sherlock Holmes: A Game of Shadows, EUA, 2011), há mais ação, mais modernidade, e há mais cinismo da parte de Holmes, com Robert Downey Jr. Fazendo um Holmes super over, à maneira de um Jack Sparrow. As sutis insinuações do primeiro filme sobre um envolvimento mais colorido entre Holmes e Watson ganham grosso relevo, com frases tipo “Pelo menos eu me assumo”, traduzida na dublagem por “Não se reprima”, ou quando depois de uma dança, Holmes pergunta "Quem lhe ensinou a dançar tão bem Watson?” e ouve a resposta dada olho no olho “Foi você Holmes”. O restante do elenco fica apagado diante de tão sintonizada dupla. Perto do final, há uma sensacional sequência de ação numa floresta, com os mocinhos correndo entre projeteis e explosões.

M.I.4



Missão: Impossível - Protocolo Fantasma (Mission: Impossible Ghost Protocol, EUA, 2011), assim como o filme Melancolia, traz um resumo do que vamos ver, não como um prólogo, mas em seus créditos iniciais, de forma inventiva e divertida. Um ar muito tecnológico e sofisticado paira em todo o filme, criando o clima ideal para as ótimas sequências de ação. Há ainda o deslumbrante visual das locações. Dentro do seu gênero, cumpre muito bem o que promete.