domingo, 10 de outubro de 2010

A razão escrava da paixão




O filme, Escravos do Desejo (Of Human Bondage, 1936), também é conhecido pelo título Servidão Humana, que é a tradução mais correta do título original do livro de William Somerset Maugham (não confundir com A Condição Humana, livro de André Malraux). O livro, além dessa adaptação, teve outras duas, uma 1946 e outra em 1964. Um homem bom, Philip Carey (Leslie Howard, ótimo), se submete aos caprichos de uma garçonete amoral. Nessa servidão, ele perde quase tudo na vida, sem nunca ser verdadeiramente retribuído por ela. E quem poderá julgá-lo ou criticá-lo? Quem já não esteve preso nesses laços ilusórios do amor, os mais difíceis de romper? O filme foi moderno para a época ao tratar do tema de maneira muito simples e realista. Apesar de ter feito outros filmes antes, essa é considerada a verdadeira estréia da Bette Davis no cinema. Ela obteve sua primeira das dez indicações ao Oscar. Bette Davis tem um recorde ainda não igualado de ter sido indicada por quatro anos consecutivos. Mas a indicação por Escravos do Desejo não veio fácil. Ela não foi contada na lista de indicadas daquele ano (trama da Warner). Mas como toda a imprensa e o meio cinematográfico acharam um absurdo, seu nome foi inserido no outro ano (coisa semelhante aconteceu com o filme Cidade de Deus). Uma crítica chegou a dizer na época, que aquela fora a melhor interpretação feminina jamais vista no cinema até então. A cena em que depois de desprezada por Philip, Mildred, enfurecida, atira-lhe na cara uma enxurrada de ofensas, é arrepiante. Não deixem de conferir.

Nenhum comentário:

Postar um comentário