quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Você não consegue 500 milhões de amigos sem fazer alguns inimigos

Sozinho na multidão...



A Rede Social (The Social Network, 2010) mesmo contando a história do Facebook, do qual tenho uma conta, não é o tipo de filme que me deixaria empolgado num primeiro momento. O que torna o filme interessante, além das atuações, é a forma como é contado pelo diretor David Fincher. Temos a constante impressão do sério e do fútil; sério por abordar questões como solidão, bullying virtual e amizade; fútil pelo modo de vida da nova geração, pelo alto preço pago por coisas sem valor algum. Também sério, quando mostra um jovem que de tão gênio quanto original, vive isolado em si mesmo, mesmo que rodeado de pessoas; Mark Zuckerberg aparece o tempo todo super concentrado em algo que escapa aos outros personagens e ao público; é como se ele no fundo não estivesse ali, mas muito distante, em lugares onde só sua lógica encontra veredas (no julgamento sua atenção é sempre cobrada); isso o torna um ser alheio, displicente, rancoroso e arrogante (a cena em que ele pergunta a uma moça “quem é você?” e quando ela lhe diz o nome ele fala “Sim, mas o que você faz?” mostra bem isso), mas ele tem essas características de fato ou seu jeito particularíssimo de ser nos dá essa impressão? A narrativa ágil e não linear do David Fincher, que não nos dá tempo de nos deter muito no personagem, e a ótima atuação do Jesse Eisenberg contribuem para as impressões que falei. Já na primeira e melhor cena do filme, em que uma simples conversa com a namorada (ótimo texto) torna-se uma discussão, já se tem o relevo da personalidade do Zuckerberg, muito nerd, muito esquisito, muito inteligente, ao ponto de parecer que vive no mundo da lua; alguém que inventa a maior rede social do mundo e não consegue manter nem o melhor amigo. Jesse Eisenberg mantem inalterados tom de voz e expressão fácil, e suas palavras são rápidas e ininterruptas; um belo trabalho desse jovem ator indicado ao Globo de Ouro e ao Oscar, que se parece muito com o Michael Cera de “Juno” e que lembramos mais pelo filme “Amaldiçoados”.

O bom elenco jovem é o trunfo do filme e conta com Andrew Garfield, que faz o melhor amigo de Zuckerberg, interpretado com alguma paixão, o que faz do Eduardo Saverin um jovem com personalidade oposta a do Zuckerberg; Armie Hammer faz os gêmeos Winklevoss e é impressionante como ator, diretor e recursos técnicos nos dão realmente irmãos gêmeos; em nenhum momento nos passa pela cabeça que seja apenas um ator; Max Minghella está bem como o ganancioso sócio dos gêmeos Winklevoss; Justin Timberlake, que cada vez mais mostra gosto pelo cinema, também faz um bom trabalho como Sean Parker, co-criado do Napster (que no filme se apresenta como o criador isolado) e isso não me surpreende, pois as pessoas esquecem que desde cedo Justin atua, não como ator de carreira, mas ainda assim atua, em séries, Clube do Mickey e participações especiais.

Não sei o motivo de chamarem o filme de épico, não é para tanto. É um filme interessante, favorito nos prêmios com o O Discurso do Rei, até por falta de opção, num ano fraco. A trilha sonora tem esse “quê” de estranheza que Zuckerberg nos passa e funciona muito bem. O vencedor dos Globos de Ouro de melhor filme de drama, direção e roteiro, foi indicado a oito Oscars: filme, direção, ator, roteiro adaptado, fotografia, edição, mixagem de som e trilha sonora. É uma obra que fala mais de carência e solidão que de negócios e redes sociais. O final do filme ilustra bem isso quando Zuckerberg add em sua conta no Facebokk uma das pessoas ignoradas por ele como ser humano; ele fica atualizando sem parar a página, ansioso que ela lhe add de volta. Se há alguma esperança para uma mudança de atitude em Zuckerberg, esse final já é o começo.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Sonhar é acordar-se para dentro



O mito de Dédalo, o genial arquiteto, e de Ícaro, seu filho, nos dá não poucas lições éticas e lições sábias sobre limites, da arte, do homem, da liberdade. Não cabe aqui contar toda a rica trajetória do mito, mas certa passagem relacionada ao Labirinto do Minotauro. Sob o governo de Minos, Dédalo é obrigado a construir, a meu ver sua segunda mais engenhosa obra, o Labirinto de Cnossos, que encerra o Minotauro, filho de Minos. É o engenho da arte contendo a fúria. Passado um tempo, pai e filho são jogados no Labirinto; o objeto de arte, o seu engenho, aprisiona o artista, quando lhe escapa o objetivo central da arte que é a expressão. Quando a arte não é inspirada, ela é escrava das exigências e o artista é escravo de sua arte dominada. O Labirinto de Cnossos não tinha teto que o encobrisse; quem nele preso se achava, tinha o céu estrelado por consolo; uma prisão que se abria ao céu, ou seja, ao seu contrário, se tomarmos o céu como metáfora de liberdade. Dédalo tece então seu maior engenho, asas; não só para si, mas, também, para seu filho. Asas que são a própria liberdade confeccionada. A arte que escraviza também liberta, quando o objetivo é sublime. O vôo simboliza o infinito e o misterioso desvendados pela imaginação humana e o misterioso é um labirinto, amedronta e aprisiona até que perde seu apanágio de enigma. Dédalo era homem experimentado, sofreu em si a tragédia de querer deixar de ser limitado; uma vez liberto, só queria céu, só queira perfumes e um abraço de sua carne tenra. Mas Ícaro, pobre criatura deslumbrada, não seguiu do pai os conselhos sábios, não teme desvendar o infinito e com sede do belo, afoga-se com a beleza dourada do Sol, astro caloroso que derreteu a cera de suas asas. Tanto o pai o aconselhou que não se se aproximasse do Sol, que voasse em média altura; que não buscasse muito longe o significado das coisas.

No filme A Origem (Inception, 2010), gosto de identificar Dédalo e Ícaro com Miles e Cobb, personagens de Michael Caine e Leonardo DiCaprio. Só que o velho professor parece não ter recomendado ao Cobb que não fosse muito além, não apenas do seu limite, mas do limite de seu próximo. Quando Cobb ultrapassa limites a tragédia ocorre, uma tragédia muito pessoal onde a catarse não traz refrigérios, visto que é ilusória, é um sonho. A Ariadne mitológica não é arquiteta; conhece o Labirinto de ter sido criada ao redor dele, é filha de Minos; talvez Dédalo uma vez tenha lhe revelado um segredo: deve-se entrar no Labirinto com um novelo e desenrolá-lo sempre, tendo por saída o seguir o novelo até seu princípio. A Ariadne mitológica trai pai e reino entregando o segredo ao belo Teseu; facilmente deixou-se seduzir, assim como facilmente a Ariadne de A Origem deixa-se seduzir pelo desconhecido, que de certa forma também é belo.
A Origem é um filme com um roteiro inteligente, mas não brilhante. Desde o começo do filme as lacunas são patentes. Como se domam os sonhos? Como os ladrões entram nos sonhos? Quando a vã rola e um nível perde a gravidade, por que os outros níveis também não perdem? Por que a música é um chute? Quando ouvem a música estão conscientes para saberem que é hora de voltar? E os totens? Não se pode facilmente sonhar que ele para de girar ou que gira sem parar? Então como eles podem definir o que é sonho e realidade? Pessoas que tem o poder de manipular sonhos, não podem facilmente conseguir um visto na alfândega? Por que o Cobb não pensou nisso? O filme tenta ser muito psicológico com várias alusões a termos da psicanálise e com objetos que os personagens chamam de totem, que lembra o livro Totem e Tabu de Freud, mas que não tem nada a ver com o livro (a não ser que se queira fazer um paralelo entre os totens do filme com o totemismo do livro, que diz respeito a um tipo de sistema social onde as relações são marcadas pelo respeito, normas e costumes do clã, sendo o tabu o elemento que protege o totem). O filme tem um enredo intricado; palmas para seu autor, o inteligente diretor Christopher Nolan, que nos deu um filme que está sendo elogiado por não trazer mastigadas informações que explicariam o filme. Mas trazer elementos altamente específicos e não explicá-los bem, não me parece boa coisa; falta um certo didatismo no filme, mas usar didatismo em filmes com brilho é para poucos, como Tarantino. Se falo assim, logo dirão “Ele sente falta de didatismo por não entender o filme”. Errado. Entendi sim, até onde o filme usa a lógica; quando o diretor foge da lógica, para que seu filme vire um enigma, eu não entendo mesmo e garanto que não estou sozinho nesse sentido, pois muitos dos admiradores ferrenhos do filme, mormente os mais jovens, exatamente por não entenderem o acham inteligentíssimo. Para eles, uso uma frase do filme “Voltem para a realidade”.

Christopher Nolan é um diretor admirado e conhecido por filmes muito cerebrais como seus cultuados Amnésia, Insônia, O Grande Truque, Interestelar e até o Cavaleiro das Trevas, que tinha uma inteligência anárquica. Por ser um diretor tão cerebral, até no modo de filmar, suas obras são demasiadamente concretas, objetivas, sólidas, e isso elimina todo o elemento onírico, que devia ter sido a coisa mais forte em todo o filme. Onde o onírico? Onde o tortuoso dos sonhos? Não se vê no filme nem uma ponta do elemento feérico visto com Peter Jackson em “Almas Gêmeas”, com Akira Kurosawa em “Sonhos”, com David Lynch em toda sua obra, e até em filmes mais recentes como “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças”. Mas não devo ser tão severo com Nolan esperando que ele em tão pouco tempo atinja o nível desses consagrados diretores. Mas os jovens adoradores de A Origem precisam ver mais filmes consagrados, pois é fácil dizer que um filme é o mais sensacional da década quando se tem como parâmetro Avatar e coisas do tipo. Até Matrix conseguiu dar mais nós no cérebro que A Origem.

O Próspero, de “A Tempestade”, de Shakespeare, já disse que “Somos feitos da matéria dos sonhos; nossa vida pequenina é cercada pelo sono”. Esse entendimento que temos dos sonhos não é visto no filme. Sonhos são imprevisíveis, são nebulosos, trazem acontecimentos que não existem no mundo vígil, como mudanças repentinas de tempo e lugar, idade, pessoas mortas com vivas, seres e objetos fantásticos, inexistentes. Segundo Jung, nos sonhos acontece até mesmo a mudança da própria identidade, ou então não há identidade alguma, apenas acontecimentos sendo observados. Isso foi o que senti falta no filme, não falta de estrutura (pois os fãs do filme usam como desculpa da omissão do elemento onírico a figura do arquiteto), mas da própria substância de que são feitos os sonhos. Não adianta um trem invadir o trânsito para caracterizar um sonho, pois esse trem não tem substância de sonho. Por falar na figura do arquiteto, lembro de uma frase de Friedrich Nietzsche que diz “Nada lhe pertence mais que seus sonhos”; não acredito que um arquiteto de sonhos possa forjar algo tão intrínseco do indivíduo. Às vezes, quando estamos sonhando, tudo é tão inverossímil que percebemos que aquilo não é uma realidade, mas não temos domínio sobre nós mesmos nessa hora para nos aproveitar do momento e manipular nosso próprio sonho. Sono, Morte e Esquecimento são irmãos, a negra Noite os gerou, assim como gerou toda a raça dos Sonhos. O terreno é obscuro demais para ser percorrido. Acha mais quem se perde. Mas o que estou fazendo? Estou cometendo o mesmo erro dos fãs do filme, que é levar a sério conceitos de um filme que é ficção, entretenimento. Talvez Nolan tenha aberto mão do elemento onírico por achar difícil confundir o público se o usasse, pois se houvesse o onírico sempre presente, o público saberia de imediato o que era sonho e o que era realidade. Se assim foi, foi uma saída compreensível, mas não plausível.

Voltando ao enredo do filme, o que há de realmente muito forte e psicológico é a relação de Cobb com Mal, sua falecida esposa. Aqui o filme lembra muito A Ilha do Medo, onde DiCaprio faz uma variação mais tenaz do seu personagem em A origem. Cobb vive em dois mundos, um real e outro ilusório, sendo que o ilusório para ele é mais real do que a própria realidade; é para lá que ele está sempre indo em busca de absolvição. Cobb é seu próprio paciente e quando se aprofunda nos sonhos está querendo resolver seus traumas, está em busca de alta. Sua fraqueza se revela logo no começo do filme quando Mal aparece para estragar seus planos. Ela aparece nos momentos em que ele está mais tenso, sabotando-o. Porém Mal já morreu, então quem sabota Cobb não é ela, mas seu próprio subconsciente; até o totem que usa não é dele, era da esposa, o que dá uma grande complexidade ao personagem. Uma vez presos no limbo, Mal e Cobb adotam o sonho como sua realidade, pois o sonho aparece como sinônimo de felicidade já que o mundo perfeito que sempre sonharam é possível. O mundo que criam é um mundo idealizado, onde tudo que é falso passa por real, pois a perfeição só pode existir assim, numa fantasia e o resultado disso com o tempo é que Mal enlouquece, pois o ser humano necessita do real. Mal necessita do real, mas prefere o sonho, como uma dolorosa Blanche du Bois. Cobb sente toda a amargura de ter sido o responsável pela tragédia do casal; sente a culpa por ter ido longe demais. Freud disse que o sonho é a tentativa de satisfazer um desejo, por isso Cobb está sempre em busca da mulher no seu sonho, para extirpar de si um mal que o devora. Mas como acontece em Ilha do Medo, a realidade, mesmo resolvida, pode ser muito dolorosa; quem sabe Cobb ainda não tenha resolvido a questão por preferir a bela mentira do sonho? Cervantes já afirmou que o sonho é o alívio das misérias que nós temos quando estamos acordados. E Nietzsche falou que a mordida da consciência é indecente. Mal é muito bem interpretada por Marion Cotillard, atriz que ficou conhecida por ter feito Edith Piaf no cinema; talvez como uma homenagem à atriz o diretor tenha usado a música “Non, Je Ne Regrette Rien”, imortalizada por Piaf, como chute para o despertar do sono. 

Figura esquemática para entender os níveis de realidade e de sonhos:






Agora o final. O final (um pouco maçante) foi feito para enganar os incautos e foi uma tacada de mestre de Nolan; foi o final do filme o que mais gerou discussões e voltas do público aos cinemas para rever, meditar e tirar suas conclusões do aconteceu com Cobb. Cobb voltou dos sonhos ou não? Esta pergunta está longe de ter uma resposta unânime. Nesse sentido, A Origem deverá ter o mesmo destino de Blade Runner, a perene incerteza. Como não ter dúvida sempre se os filósofos dizem que a certeza não está disponível? Como Cobb pode ter certeza de estar ou não acordado, se até Jacques Lacan indagou certa vez “Como ter certeza de que não somos impostores”?  No momento final do filme, Cobb gira o pião para certificar-se se está sonhando ou não e o pião gira, o que caracteriza o sonho, mas depois oscila e dá a impressão de que vai cair, o que determinaria a realidade, então cai o pano antes da queda.

Posso dizer que ele não voltou do sonho, pois todos os personagens estão olhando para ele quando desce do avião, e olham com sorrisos nos olhos; os filhos mantem a mesma posição, roupas semelhantes, até a luz é igual. E ainda podemos usar as palavras daquele velho no porão, Yusuf (Yusuf é o nome arábico do José da Bíblia, que era intérprete de sonhos): “O sonho deles se tornou realidade”.
Posso dizer, também, que ele voltou, pois como observou um amigo especialista em semiótica (que observou até que quando em sonho Cobb está de aliança, o que não ocorre na realidade), as atitudes de Cobb denunciam a realidade; ele está o tempo todo inseguro e em dúvida sobre tudo, sobre ele mesmo, sobre os outros personagens e fica apreensivo até o último momento, na expectativa de ser ou não aprovado seu desembarque. Ora, sonhos são perfeitos, se era sonho ele devia estar o mais confiante dos homens; porque a dúvida?

Descartes dizia que não poucas vezes acreditou e teve absoluta certeza de estar fazendo algo e, de repente, despertava e via que tudo foi sonho. Sonhos do cotidiano, lendo, escrevendo e, na verdade, estava dormindo. Então a dúvida de Cobb esteve nele, pois indagou dele mesmo como ter certeza de não estar sonhando nesse exato momento. Descartes imaginou que nunca teria certeza se estava sonhando ou desperto, quando chegou a este pensamento: “Suponha que todos os erros e ilusões de minha parte sejam devidos ao fato de existir, sem que eu saiba, um espírito superior cujo único objetivo é iludir-me e que pode exercer poder sobre-humano sobre mim; pode me fazer dormir e então sonhar nitidamente que estou desperto, ou fazer tudo o que olho parecer outra coisa, ou fazer-me acreditar que dois e dois são cinco (a inserção). Existe alguma coisa acerca da qual mesmo um espírito maligno como esse seria incapaz de me iludir? Sim. Os lampejos de minha consciência são o que são. Posso sempre supor que estou sentado junto à lareira quando de fato não há lareira alguma e estou na cama dormindo, todavia esse supor que estou sentado ao lado da lareira é um fato inescapável. Assim, a única coisa nesse e em qualquer outro caso da qual posso estar inabalavelmente seguro é de que estou tendo as experiências que estou tendo. E a partir daí há coisas que posso inferir com absoluta certeza. Primeiro de tudo, significa que sei que sou algum tipo de ser existente. Posso não conhecer minha própria natureza, mas que eu existo é fato seguro; sei com absoluta certeza ainda que sou um ser que tem experiências conscientes, as experiências conscientes particulares que tenho. Portanto: Cogito ergo sum, ‘Penso, então sou’.” Assim, Hegel também afirma “O real é o racional e o racional é o real”.  E, segundo Charles Sanders Peirce, “O real, portanto, é aquilo que mais cedo ou mais tarde, resultaria em informação e raciocínio”.
Então num sonho ou não, Cobb está numa realidade, a da sua consciência. Mario Quintana disse que “Sonhar é acordar-se para dentro”.

Os elementos técnicos do filme são excelentes. A trilha sonora, apesar de não onírica, funciona bem ao dar um tom de tensão e suspense ao filme; os efeitos especiais são caprichadíssimos, direção de arte e fotografia idem, mas a edição é que está fantástica, e quando aliada aos efeitos especiais, dá um resultado deslumbrante, como a famosa cena da briga no quarto sem gravidade, para mim a melhor seqüência do filme. 

Parabenizo a coragem e o ousio do Christopher Nolan de ter posto tantos elementos cerebrais em um filme comercial; isso mostra o prestígio que ele tem com os estúdios. A Origem é ótimo, mas está longe de ser uma obra-prima; Memento (Amnésia) ainda é, para mim, seu filme mais cerebral e original.