terça-feira, 29 de junho de 2010

I Love You Phillip Morris


Steven Russell é um desses sujeitos carismáticos, inteligentes e com uma lábia admirável. Mas não é perfeito não, ele não resiste ao ganho fácil, a ser desonesto, e nisso é tão confiante em si mesmo, que acaba sempre exagerando na dose e metendo os pés pelas mãos. Vemos sua trajetória de policial, esposo e pai à gay, golpista e detento. Na prisão, ele conhece o Phillip do título (I Love You Phillip Morris, 2009), e tem um tipo de lua de mel. Consegue safar a si e ao namorado, vira advogado de sucesso, mas não se emenda. É um filme mediano que só chamou mais atenção pelo fato dos protagonistas serem gays, fato que o filme em si não usa como chamariz, pelo contrário, mal nos lembramos desse detalhe e isso é um ponto positivo, pois torna esse um filme sobre pessoas e não um filme “gay”, como se os gays tivessem que ter tudo separado, até um gênero cinematográfico. Nesse ponto, o filme se sai muito bem, ao mostrar o Steven Russell tão normal que o fato de ser gay (apesar de estar óbvio no filme) com o tempo é esquecido. Ele é mais um malandro, o cara “desenrolado”, como há tantos. Quando ele mente para seu amor, Phillip Morris, vemos apenas o sujeito safado que mente mais por hábito que por maldade, como vemos tantos héteros fazer igual; daí vem os problemas na relação etc. Ele aprende que mentir para quem ama não leva a um final feliz. O final melodramático faz do próprio espectador mais uma vítima das mentiras do Steven Russell e isso me surpreendeu. Ewan McGregor faz bem o papel do mocinho apaixonado e melindroso; Rodrigo Santoro dessa vez fala um pouquinho; e Jim Carrey é um excelente ator que se entrega por completo aos seus personagens, mas apesar de fazer o Steven com gosto, não sinto que ator e personagem se encaixem, ele faz o personagem com tanta vontade que acaba ficando muito “over”; faltou uma mão boa do diretor nesse ponto.

Nenhum comentário:

Postar um comentário