sábado, 24 de abril de 2010

Projeto Grindhouse + Falsos trailers + À Prova de Morte + Planeta Terror


(Grindhouse, 2007) pode ser analisado como um filme-projeto, mesmo suas partes sendo disponibilizadas para apreciação individual, uma vez que o Grindhouse original funciona diferente como filme, tanto pela idéia da dupla sessão e trailers fakes (idéia já usada em outros filmes), falsas propagandas e a deliciosa chamada “Prevues of Coming Attractions” quanto pelos próprios filmes À Prova de Morte e Planeta Terror, que no projeto tinham duração e edição diferentes, exatamente para que funcionassem juntos, um sendo gancho do outro; alguns personagens, como a anestesista, transitam nos dois filmes, sendo que À Prova de Morte vem primeiro. A idéia do projeto é maravilhosa e vem mesmo de gente que ama pra valer o cinema, não apenas aquele tipo de amor de cinéfilo enjoado que só fala em Fellini, mas aquele que gosta de tudo, contanto que esse tudo seja muito legal e criativo. Grindhouses eram salas de cinema dos anos 60 e 70 (em alguns filmes e em algumas matérias sobre cinema já vimos sobre elas) onde eram exibidos filmes de baixo orçamento, filmes chamados “B” ou “Z”; nesses filmes (que não podiam ser exibidos nos cinemas normais) imperavam as cenas de sexo e violência, aquele tipo de filme apelativo que hoje vemos com tanta satisfação em sessões como o Cine Trash, apresentado por Zé do Caixão. Nas salas grindhouse, o público pagava apenas uma entrada e podia ver até três filmes (o normal era a exibição de apenas dois). Isso lembra um pouco a emergência dos multiplex nos EUA, quando o pessoal saía de sua sessão para outras, enlouquecendo os lanterninhas. E essa idéia de pagar uma entrada e ver dois espetáculos não é novidade das grinhouses; já no século XIX, em Paris e na Inglaterra, por exemplo, havia essa prática (com algumas diferenças) nos teatros e nas óperas cômicas. Esse tipo de filme também dominou os drive-ins. As referências aos filmes da época, no projeto Grindhouse, são diversas, como as maravilhosamente propositais falhas técnicas, como a sofrível fotografia, riscos na tela, cortes bruscos, manchas, chuviscos, estalos, tremedeiras, falhas sonoras e até uma imagem como se o celulóide estivesse derretendo e uma mensagem aparecendo para dizer que o cinema não tem o rolo da parte faltante. Grindhouse junta uma turma de amigos da pesada, cada um com um bom currículo no gênero, Robert Rodriguez (que fez o ótimo Um Drink no Inferno), Eli Roth (que fez Cabana do Inferno e o ótimo O Albergue), Rob Zombie (A Casa dos 1000 Corpos e Halloween, o Início), Edgar Wright (Todo Mundo Quase Morto), além do Tarantino, roteirista em filmes como (Eles Matam e Nós Limpamos) e que foi um frequentador de grindhouses. O destino das grindhouses foi virar salas de filmes pornôs e exploitation nos anos 80. Vimos, muitas vezes, fato semelhante ocorrer no Brasil, onde salas clássicas viraram cinemas pornôs e estão aí até hoje. Salas que guardam seus pomposos nomes, como Art Palácio ou Cine Glória, e era exatamente assim a origem das grindhouses, oriundas dos Movie Palaces, criados durante a época de ouro do cinema americano nos 30 e 40.

Os falsos trailers:



Thanksgiving, de Eli Roth, é tipo um Sexta-feira 13 perverso e mostra um assassino, dos mais sádicos, atacando no Dia de Ação de Graças.

Eli Roth



Machete, de Robert Rodriguez, estrelado pelo expressivo Danny Trejo (presença constante nos filmes de Rodriguez e Tarantino), mostra um homem e sua devastadora vingança, seu nome é MACHETE, o vingador mexicano. O trailer virará um longa posteriormente.



Don’t, de Edgar Wright, junta vários elementos do terror com uma narração de arrasar, sendo dos falsos trailers o que mais tive vontade de ver como longa.

Edgar Wright



Werewolf Women of the SS, de Rob Zombie, com Nicolas Cage (como Fu Manchu), Sheri Moon Zombie (esposa do diretor), Bill Moseley e Udo Kier. É a história das experiências do Dr. Heinrich à serviço de Hitler, para criar um poderoso exército de “lobisomas”. Dizem que acharam documentos reais com essas loucuras, guardados em um esconderijo do ditador.

Rob Zombie




Agora veremos as duas atrações principais.



Seus diretores: Quentin Tarantino e Robert Rodriguez





À Prova de morte, filme isolado do projeto Grinhouse, traz as cenas ditas “desaparecidas” na versão concorrente à Palma de Ouro em Cannes. São mais meia hora de filme, com uma sequência inédita em preto-e-branco. Conta a história de Stuntman Mike, um dublê sádico e misógino, que utiliza seu carro à prova de morte para matar mulheres brutalmente. Kurt Russell faz o personagem com perfeição, um homem violento dentro do seu carro, covarde e patético fora dele. Há bons diálogos, trilha sonora incrível e um excitante elenco feminino, com Tracie Thoms, Sydney Tamiia Poitier, Rosario Dawson e Mary Elizabeth Winstead (como Lee, uma mocinha tão linda quanto ingênua, deixada na boca do lobo pelas amigas rsrsrs); destaque para a linda e sensual atriz, Vanessa Ferlito, fazendo uma dança do colo ao som de Down in Mexico, cantada por The Coasters. Há, também, o Eli Roth no elenco, ou seja, é uma festa entre amigos. Na parte final do filme há duas sequências geniais, daquelas que só Tarantino realiza, um acidente magnificamente filmado e mostrado sob vários ângulos (até aqui a podolatria do Tarantino se faz presente) e a fantástica perseguição de carros. Quanto à perseguição, a sequência envolve dois “muscle cars” (carros com motores V8 super potentes), uma Chevy Nova preta com um pato endiabrado no capô e o outro, um desejado Dodge Challenger branco. Não poderia deixar de falar na personagem Zoë que na verdade é a atriz/dublê neozelandesa Zoë Bell fazendo ela mesma, motivo da excelência das cenas em que a personagem fica atada em alta velocidade no capô do carro e o público fica assombrado; Zoë já trabalhou com Tarantino em Kill Bill, sendo dublê de Uma Thurman. O filme termina ao som de Chick Habit, com April March. Perfeito.



Planeta Terror, filme isolado do projeto Grinhouse, tem uma duração maior com a adição de material inédito. No interior do Texas, a população é infectada por um gás tóxico (usado pelo exército – participação de Bruce Willis – dos EUA no Oriente Médio, lamentável). Os infectados tem os corpos cobertos por fístulas purulentas e esses mesmos corpos ficam como que podres, ao ponto de despedaçarem sem esforço (houve quem falasse que os efeitos deviam ter sido mais fracos, para combinar com o tipo de homenagem que o filme faz); não são zumbis ou mortos-vivos, mas, pra não fugir à regra passam a se alimentar de carne humana. Há uma personagem extremamente dramática, é a triste go-go-girl, Cherry Darling, que tendo parte da perna arrancada por um faminto infectado, tem, com a ajuda do ex-namorado, El Wray, uma metralhadora à guisa de prótese; essa loucura soa muito convincente (mérito de diretor e atriz), e quem faz o El Wray é o ator Freddy Rodrigues da querida série, À Sete Palmos. Daí em adiante o filme segue com muita ação e cenas inusitadas como a de El Wray fugindo em uma motinha de criança e uma galeria também inusitada de personagens: tem a ótima Dra. Dakota Block, anestesista que guarda na cinta-liga suas agulhas/armas; JT que em meio ao desespero geral só pensa em aperfeiçoar seu molho de churrasco, o melhor do Texas; a cantora Fergie sendo estraçalhada; o policial tarado, feito por Tarantino, que não pode fazer mal à sua vítima, pois seu pênis se decompõe; babás gêmeas; o terrível médico feito pelo ótimo Josh Brolin; o terrorista (o Said de Lost) colecionador de testículos; um pastor que vira matador; necrófilos etc. O diretor Robert Rodriguez (que também foi roteirista, compositor, editor, produtor e fotógrafo do filme) faz com sua obra uma homenagem ao George A. Romero e a outros nomes do gênero, e até à sua parceria com Tarantino, trazendo o personagem do xerife, famoso nos filmes Um Drink no Inferno e Kill Bill, Volume 1. Diversão garantida.

2 comentários:

  1. Menino , onde vc arranja tempo para ver tanta coisa boa... Amo filmes de terror, tenho uma quedinha pelos traches, tipo ^`e do caixão e companhia.

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  2. Danilo, cadê você???? correndo muito na faculdade?

    Estou arrepiada com essa montanha de catchup!
    Procurei por todo o seu blog o ranking das suas atrizes preferidas e não o encontrei. Passe lá pelo meu e me deixe o endereço do seu post que quero muito lê-lo, viu!

    Bjinhos
    Dani

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