segunda-feira, 1 de março de 2010

Águas calmas são profundas


Viena, na Áustria. Erika Kohut. Uns quarenta anos. Exímia pianista. Erudição versus decadência. Luxo e lixo são distintos apenas por duas vogais. Beethoven. Bach. Schubert. Schubert. Schubert. Peso. Sentimentos calados. Prazeres velados. Prazeres peculiares. Perversão. Fetiches. Voyeurismo. Masoquismo. Automutilação. Amor dolente.

Do romance “A Professora de Piano” (dessa vez a tradução brasileira acertou), de 1983, da vienense Elfriede Jelinek, Michael Haneke, faz um sublime estudo psicológico de uma mulher que em vez de seguir uma brilhante carreira de pianista, acomoda-se como professora do Conservatório de Viena. Talvez por que seus valores sejam diferentes. Filme maravilhoso. Identifico-me em alguns momentos. A atuação de Isabelle Huppert (premiada em Cannes) é assombrosa, conseguindo ser devastadora mesmo minimalista. Um feito conseguido por poucos atores. Seu companheiro de cena, Benoîte Magime, também ganhou melhor ator em Cannes. A Professora de Piano (La Pianiste, 2001) é um dos meus filmes favoritos.

A autora do romance, ganhadora de um Nobel de Literatura, tem o rosto congelado como o de Erika, e o romance é autobiográfico. Lendo trechos de sua obra na revista de cultura Agulha, comparo-a com a nossa Hilda Hilst, só que com cores políticas. Suas fortes obras ainda não foram editadas no Brasil e pelo forte teor, mesmo na Europa a autora é pouco conhecida e divulgada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário