Entre 1950 e 1956, os EUA foram aterrorizados pelo chamado marcartismo, uma caça a comunistas, feita pelo Comitê de Atividades Anti-americanas do senador Joe McCarthy. Várias pessoas suspeitas ou que apresentassem um comportamento considerado suspeito, eram detidas e muitas vezes coagidas a delatar outras pessoas que supostamente fossem comunistas. Os delatores, por vezes entregavam pessoas apenas por se verem eles mesmos livres. Isso ocorreu em todas as áreas e o meio artístico sofreu muito. Todos sabem do caso com o Elia Kazan. O dramaturgo Arthur Miller, autor de peças importantes como A Morte de um Caixeiro-Viajante e famoso pelo envolvimento amoroso com Marilyn Monroe, sofreu as intimidações do Comitê e escreveu a peça The Crucible (Traduzida no Brasil como As Feiticeiras e Salem). A analogia é perfeita, já que o marcartismo ficou justamente conhecido como caça às bruxas.
Em 1692, em Salem, um grupo de jovens moças apresentou um comportamento fora do comum, como gritos, transes, ataques convulsivos (que podiam ser epilépticos), e como esse fenômeno se repetisse em outras jovens, houve uma investigação, descobrindo que tais jovens estavam sob influência de uma escrava negra, vinda de Barbados (ela praticava o vodu). Tomados pelo pânico, os moradores começaram uma torrente de denuncias uns contra os outros. A situação fugiu do controle local e um tribunal instaurou-se. 150 pessoas, a maioria mulheres, foram ouvidas, e 19 julgadas e condenada à forca, como bruxas, ou conluio com o demônio, marido delas (rsrsrsr). Diz-se que até um cachorro foi condenado. Anos depois se reconheceu o erro cometido, mas já era tarde; já se tinha dado um dos mais negros capítulos da história norte-americana. A peça do Arthur Miller retrata com muita exatidão o fato histórico e foi adaptada para o cinema neste filme.
O forte do filme é o elenco, com Joan Allen, Daniel Day-Lewis e Winona Ryder soltando faíscas quando se encontram, e o shakespeariano Paul Scofield. Uma coisa interessante, é que em alguns momentos as moças, no tribunal, dão a impressão de estarem realmente vendo o demônio; um recurso do diretor, para causar emoção.
A reflexão que podemos fazer é que As bruxas de Salem se repetem em todos aqueles que são injustamente perseguidos, não só EUA, como foram os gays, negros, e indivíduos da lista negra do marcartismo, mas em todos os lugares do mundo, onde não existe tolerância.
Daniel Day Lewis é um dos meus atores preferidos. Merece uma postagem para as atuações dele. Concorda?
ResponderExcluirAbçs