quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

As horas, os minutos e os segundos de Virgínia em sua vida, na de seus personagens e na nossa também

O maravilhoso livro de Virgínia Woolf "Mrs. Dalloway" iria antes se chamar "As Horas", pois acompanha um dia da vida da Sra. Dalloway. O escritor Michael Cunningham, sabendo disso, aproveitou o título em seu premiado livro "As Horas", de onde foi adaptado o roteiro do filme. Conta a história de três mulheres influenciadas de alguma maneira pela Sra. Dalloway; uma que escreve o romance, outra que vive como a personagem do romance e outra que se identifica com a personagem em alguns pontos. São mulheres de vidas e épocas diferentes, e a idéia de uma delas ser a própria Virgínia Woolf, é genial. O filme é feminino e intercala a vida destas três mulheres. Virgínia Woolf é mostrada na época em que escrevia o livro, quando passava por profunda depressão e sentimentos de suicídio. Laura é uma dona de casa infeliz, presa numa felicidade de mentira; nem a presença do filho lhe dá estímulos de seguir em frente. Ela, lendo o livro, se reconhece na personagem e fica influenciada. A terceira mulher é Clarissa (mesmo nome da Sra. Dalloway), uma mulher moderna, lésbica (como Virgínia), e que se identifica com a personagem devido a uma festa que tem que oferecer, em comemoração a um prêmio concedido ao seu amigo poeta Richard. Richard está doente com AIDS e não quer a festa. Clarissa sente toda a futilidade daquilo tudo, mesma sensação sentida pela Sra. Dalloway, que no romance também passa o dia preparando uma festa. A integração das personagens dos dois livros é perfeita e foi bem realizada no filme. No início do filme, quando as três mulheres são mostradas ao levantar, no mesmo momento em que Virgínia escreve, Laura lê e Clarissa diz a mesma coisa que a Sra. Dalloway diz no começo do dia: “Acho que vou comprar eu mesma as flores”. É brilhante. A fotografia do filme difere as três época distintas por meio de colorações específicas, algo parecido com o que vemos no filme Traffic. Sobre as atuações, Meryl Streep dá show, Nicole Kidman dá show (ganhou o Oscar), Ed Harris dá super show, mas é Juliane Moore que me emocionou muitíssimo; que atriz fantástica. O ator Jack Rovello, que faz o Richard criança, filho de Laura, também comove muito. Grande filme.

Um comentário:

  1. Caro, Danilo

    Não consegui ser seu seguidor, daquela vez, deu erro quando tentei, só por isso que não fiz parte de sua lista de seguidores. Mas, agora consegui.

    Seu blog é realmente muito bom!

    Boa lembrança e análise do As Horas, é um filme denso e muito reflexivo, sem dúvida está na minha lista de filmes definitivos. Apesar de me deixar meio "down", é um belo filme!

    Abraço!

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