O maravilhoso livro de Virgínia Woolf "Mrs. Dalloway" iria antes se chamar "As Horas", pois acompanha um dia da vida da Sra. Dalloway. O escritor Michael Cunningham, sabendo disso, aproveitou o título em seu premiado livro "As Horas", de onde foi adaptado o roteiro do filme. Conta a história de três mulheres influenciadas de alguma maneira pela Sra. Dalloway; uma que escreve o romance, outra que vive como a personagem do romance e outra que se identifica com a personagem em alguns pontos. São mulheres de vidas e épocas diferentes, e a idéia de uma delas ser a própria Virgínia Woolf, é genial. O filme é feminino e intercala a vida destas três mulheres. Virgínia Woolf é mostrada na época em que escrevia o livro, quando passava por profunda depressão e sentimentos de suicídio. Laura é uma dona de casa infeliz, presa numa felicidade de mentira; nem a presença do filho lhe dá estímulos de seguir em frente. Ela, lendo o livro, se reconhece na personagem e fica influenciada. A terceira mulher é Clarissa (mesmo nome da Sra. Dalloway), uma mulher moderna, lésbica (como Virgínia), e que se identifica com a personagem devido a uma festa que tem que oferecer, em comemoração a um prêmio concedido ao seu amigo poeta Richard. Richard está doente com AIDS e não quer a festa. Clarissa sente toda a futilidade daquilo tudo, mesma sensação sentida pela Sra. Dalloway, que no romance também passa o dia preparando uma festa. A integração das personagens dos dois livros é perfeita e foi bem realizada no filme. No início do filme, quando as três mulheres são mostradas ao levantar, no mesmo momento em que Virgínia escreve, Laura lê e Clarissa diz a mesma coisa que a Sra. Dalloway diz no começo do dia: “Acho que vou comprar eu mesma as flores”. É brilhante. A fotografia do filme difere as três época distintas por meio de colorações específicas, algo parecido com o que vemos no filme Traffic. Sobre as atuações, Meryl Streep dá show, Nicole Kidman dá show (ganhou o Oscar), Ed Harris dá super show, mas é Juliane Moore que me emocionou muitíssimo; que atriz fantástica. O ator Jack Rovello, que faz o Richard criança, filho de Laura, também comove muito. Grande filme.
Caro, Danilo
ResponderExcluirNão consegui ser seu seguidor, daquela vez, deu erro quando tentei, só por isso que não fiz parte de sua lista de seguidores. Mas, agora consegui.
Seu blog é realmente muito bom!
Boa lembrança e análise do As Horas, é um filme denso e muito reflexivo, sem dúvida está na minha lista de filmes definitivos. Apesar de me deixar meio "down", é um belo filme!
Abraço!