Esta ficção científica noir é um dos filmes mais cultuados do cinema e a cada ano que passa ganha mais importância e é tema de estudo, devido a sua impressionante atualidade. O filme feito há quase trinta anos, mostra o mundo em 2019 e claro que esse mundo é sombrio e decadente. É uma história complexa que aborda a questão filosófica da perda de identidade, um problema sério que a contemporaneidade deliberadamente ignora. Outro problema sério que a sociedade não ignora tanto assim, é o imperialismo do capitalismo infligindo todo tipo de ética. No filme, a engenharia genética cria seres virtualmente idênticos aos humanos, chamados replicantes (impossível não fazer hoje uma analogia pelo menos com as palavras replicante e clone) com o objetivo de servirem como mão de obra escrava (sempre a necessidade de escravizar); alguns replicantes (eles só tem quatro anos de vida) se rebelam, e passam a ser caçados por um blade runner. Ridley Scott dirige tudo isso com genialidade. A sua versão tinha um final bem menos otimista e mais sombrio, de acordo com o livro, mas os produtores exigiram um final mais light, mesmo que em desacordo com o resto do filme. Mesmo assim o filme não foi bem nas bilheterias, e imagino o porquê, só ganhando importância depois, quando analisado com mais calma. Harrison Ford está perfeito no papel do frio caçador de andróides. Há uma questão famosa entre cinéfilos sobre se o personagem dele é ou não um replicante, o que para mim sempre foi patente que sim, pois ele tinha mesmo que ser um replicante para poder caçar outros, já que os replicantes são mais ágeis, inteligentes e fortes que os humanos. A versão do diretor deixa clara a questão. Outros personagens marcantes são a sensual replicante Pris, feita pela Daryl Hannah e a replicante Rachael (profundamente humana, por quem o caçador de andróides se apaixona), feita pela Sean Young.
Do jeito que o mundo anda hoje, não parece ser improvável que as coisas tomem esse rumo. Muito preocupante.
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