terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

As Canções de Amor

Uma grande parte da crítica tem apontado Christopher Honoré como um herdeiro da nouvelle vague, um sucessor de Godard etc. Parece-me mais um emulador do que um herdeiro. Falta neste o que sobrava naqueles: motivo. O cinema do Honoré tem uma grande necessidade de se mostrar artístico, através do choque. Tudo que consegue com isso é soar fútil, vazio e desnecessário. Um filme, mesmo francês, precisa necessariamente ter sexo e nudez gratuitos para ser "de arte"? Creio que não.

As Canções de Amor é um filme bonito sim, o cartaz também é bonito, mas é um filme cheio de equívocos. O primeiro é que pretende ser um musical e um musical sem música fica meio difícil. O que se tem por músicas são poesias bonitinhas ditas pelos personagens de forma sofrível. E a equipe técnica nunca ouviu falar em mixagem ou edição de som. Segundo, a história do filme tenta ser tão arrojada e moderna sobre a sexualidade, que tudo que consegue é ser inverossímil. A panssexualidade está longe de ser uma praxe. O sexo no filme está mais para práticas curiosas, só isso. Terceiro, Louis Garrel, é um ator bonito e talentoso, mas desde Os Sonhadores, reparem bem, repete a mesma atuação, a de moço abobalhado que viu fantasma. Mas Canções de Amor ainda consegue, em alguns momentos, ser um filme bonitinho, como no final, quando o fantasma de Julie faz uma triste observação.

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