sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Ata-me!


Tratar de amor é algo que exige uma dose a mais de lucidez, já que este sentimento lúcido, tem o dom maravilhoso de, contrário a si mesmo, turvar a clareza de pensamento. Neste assunto, Ata-me!, um dos filmes mais calientes do cinema, é arrasador. Principia com um seqüestro (quantos de nós já não teve vontade de fazer igual?) de uma jovem (objeto de desejo). A jovem tem o desejo da liberdade. O prazer se impõe. O desejo é apaixonado, não o prazer. O desejo de liberdade abranda-se. O objeto de desejo identifica-se com o objeto desejador. Cessação do desejo de liberdade. Aceitação, por identificação, da condição de sujeição. O desejo de liberdade continua, só que a liberdade agora só é possível se atada e pertencente ao outro. Os dois papéis agora se confundem numa união insalubre. O objeto de desejo agora é o desejador, mediante a idéia que tem de poder ser parte integral do outro. Um jogo arrebatador. Almodóvar em grande forma.

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