quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Descobertas


E Sua Mãe Também é uma película completamente intimista em seu texto, ambientação e atuação. Um filme que gera identificação no espectador por abordar algumas questões comuns a todos nós, em quem é ou em quem já foi jovem algum dia. Mostra uma aventura, só posso chamar assim, de dois adolescentes, Tenoch e Julio, e uma mulher, Luisa, mais madura que eles, mas nem tanto assim, ela ainda nem é balzaquiana; uma aventura pelas estradas do México em busca de uma praia da qual eles nem tem a certeza de existir. Nesse sentido o filme é um road movie dos mais atraentes, e o México que vai sendo descortinado me lembrou muito algumas regiões do Brasil, assim como as cenas na praia me lembraram meu estado, Pernambuco. Essa viagem é feita com eles dentro de um mundo particular só deles, enquanto a dura realidade é mostrada caminhando nas bordas, uma realidade que simplesmente vai acontecendo durante o caminho. Os três amigos em seus descontraídos diálogos, contam tudo e, no entanto, deixam muita coisa por contar. Vamos deduzindo tudo com o desenrolar da história, com o narrador, e nas entrelinhas. Só no final, por exemplo, descobrimos o verdadeiro motivo de Luisa ter viajado com os dois jovens; até ali achamos que era uma viagem de desforra ou de escape. Foi na verdade uma viagem de despedida. Descobrimos também, numa cena muito engraçada, o porquê do título do filme. O sexo no filme é forte e natural; vemos Luisa fazer o sexo surgir não só como fuga, mas também resultante de uma genuína atração que ela sente pelos dois jovens, donos de malícia ingênua e tenra beleza. Com ela, eles são apenas dois meninos descobrindo que o sexo é muito mais que impulso e rapidez, mas que, sobretudo o sexo é calma e exploração, tendo como ferramentas dedos e línguas. Posso dizer que as (para usar uma linguagem próxima da do filme) trepadas do filme são curtas, cruas, e nem por isso, menos maravilhosas. Há um momento que me lembrou O Segredo de Brokeback Mountain, quando Julio vê o amigo transar com Luisa ele sente uma forte dor física; talvez isso queira dizer algo. O final torna-se triste, com uma morte e uma amizade desfeita (o rompimento da amizade aqui não me pareceu muito condizente com a realidade, devido o alto grau de afinidade entre os dois e tempo em que essa amizade existia). O roteiro original é inteligente e foi indicado ao Oscar; a narração do filme, às vezes bem filosófica, é o fator pé no chão da história. Diego Luna e Gael García Bernal dão conta muito bem de papéis, mas não brilham tanto quanto Maribel Verdú. Bom filme; outro acerto do Alfonso Cuarón, que até aqui só errou quando fez uma nova adaptação do filme Grandes Esperanças.

Um comentário:

  1. Oi, Danilo!

    Encontrei seu blog por intermédio do da Lorena e gostei muito dele. Que pique você tem para escrever, hein! Adorei as imagens que você publica e as resenhas dos filmes. Também amo cinema e tenho um blog sobre o assunto. Se se animar, visite-me em www.ofilmequeviontem.blogspot.com

    Bjos
    Danielle

    ResponderExcluir