Má Educação é um grande êxito do Almodóvar. Um filme que usa a metalinguagem para desenvolver seu complexo roteiro. A sofisticada direção do Almodóvar nos leva a acompanhar, por três décadas diferentes, claro, a história de vida de Ignacio, Enrique e padre Manolo, todos personagens ricos e difíceis. Em certo momento do filme, começa um jogo de espelhos, um filme dentro do filme, com cores noir; um Almodóvar se reiventando, num filme tão sombrio quanto amargo. Com certeza um dos melhores do Almodóvar, mas que foi ignorado pelos festivais e nem sequer concorreu ao Oscar de filme estrangeiro; mesmo em Cannes, tido como um festival tão libertário, o filme foi recebido com frieza. Isso mostra como até o público mais avançado intelectualmente ainda sofre com bloqueios e preconceitos quando se trata de temas que lhe são espinhosos. O grande destaque é o ótimo Gael García Bernal, que fez brilhantemente um travesti. E ainda teve quem fizesse comparações com o travesti que o Rodrigo Santoro fez em Carandiru. Péssimo desempenho do Santoro.
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